sexta-feira, 19 de julho de 2013

As melhores novelas do Brasil

A novela é talvez o maior ópio da sociedade brasileira, mais até mesmo que o futebol, cito a clamação do final de Avenida Brasil como exemplo de como o brasileiro se importa com esse enredo ficcional a ponto de esquecer seus problemas.

Algumas vezes, a novela trás uma crítica social, e ajuda em alguns pontos da sociedade, mas isso está cada vez mais distante das produções, que hoje em dia, com leis que impedem que o horário seja erotizado, usam a violência e o maniqueísmo descarado como forma de polemizar e agradar o público.

Mesmo assim, existem na minha opinião novelas que foram realmente boas, e nesse post pretendo tratar delas.

Roque Santeiro
Não assisti essa novela em sua época original de exibição, mas sim no Vale a pena ver de novo. Interessante pensar que o enredo foi censurado em 1975, e a nova tentativa de execução foi permitida pelo governo militar, mostrando que estavam enfraquecendo a censura.

Roque Santeiro é uma novela de Dias Gomes, um dos grandes novelistas e escritores brasileiros, e como outras novelas que citarei aqui, tem um elenco covardemente bom. O enredo é baseado em uma outra peça de Dias Gomes, que na versão televisiva era a história de um homem chamado Roque Santeiro, que salva uma cidade do ataque de ladrões, e dado como morto se torna um santo.

Roque, vivido por José Wilker não morreu, roubou o dinheiro e passou a perna nos ladrões, e foi viver sua vida longe. Não sabendo que sua história movia a economia, turismo e toda a cidade de Asa Branca, muito por conta do Coronel Sinhozinho Malta (Lima Duarte) que aproveitava do mito do herói para encobrir sua amante, a Viúva Porcina (Regina Duarte) que se fazia passar por ex-mulher do herói-santo Roque Santeiro.

A trama era complexa, mas cheia de humor e até algum misticismo que é usual de Dias Gomes, que como eu, era fascinado pelo mito do lobisomem, usado também nesse enredo.

Rei do Gado
Novela de Benedito Ruy Barbosa, considerado por mim a obra mais importante do autor, que pôde finalmente nessa época usar todos os recursos possíveis para a criação da novela. Assim como dito em Roque Santeiro, Rei do Gado usou um elenco que estava no auge de suas carreiras, somado a um roteiro muito bem escrito, fascinou todo o país conquistando também o público masculino, até mesmo aqueles que não tinham o costume de assistir as novelas.

A história era dividida em duas fazes, começando com a briga de famílias de imigrantes italianos, os Berdinazzi e os Mezenga, tal como Romeu e Julieta e outras tantas histórias de brigas de famílias italianas. A trama sofre uma reviravolta quando os filhos das famílias são chamados para lutar pelo Brasil na Segunda Guerra Mundial, interrompendo momentaneamente a vendetta, e provocando o afastamento da rixa.

A segunda fase trata de Bruno Mezenga, um homem simples e milionário que é dono de milhares de cabeças de gado, mas tem uma família em frangalhos. Sua mulher o traí, seu filho é um estelionatário, e sua filha é rebelde. Com todos esses problemas, Bruno (interpretado por Antônio Fagundes) conhece Luana, uma sem-terra que o cativa, e começam um romance cheio de problemas de ordem social e cultural.

Luana (Patrícia Pillar) é na verdade uma Berdinazzi, que não se lembra de sua origem, e é procurada por Geremias Berdinazzi (Raul Cortez) que é conhecido como Rei do Leite de Minas Gerais. Vendetta e Reforma Agrária fizeram de Rei do Gado a melhor novela já produzida pela Rede Globo segunda a opinião deste que vos escreve.


Pantanal
Ruy Barbosa em sua obra prima, mesmo com a falta de recursos da Manchete, fez uma grande novela, que só não foi melhor por conta da disponibilidade técnica e pelos fillers colocados para tornar a novela mais longa.

Conta a história de Jove (Marcos Winter), filho de um grande fazendeiro do Pantanal sul-matogrossense (minha terra atualmente) que vai conhecer o pai saindo do Rio de Janeiro, e sofrendo o choque cultural das diferenças entre os ambientes.

O pai de Joventino, José Leôncio é um homem que valoriza valores diferentes dos do filho, e acabam por vezes se enfrentando, mas com o tempo, conseguem se entender e demonstrar amor de pai e filho. Jove se apaixona por Luma (Cristiana Oliveira), uma moça rústica que acreditam ter o poder de se transformar em onça quando provocada.

José Leôncio ainda agrega outros filhos não reconhecidos com o tempo, e a rotina da novela ainda conta com personagens peões que contaram com a participação de Sergio Reis (que para mim é um grande ator) e Almir Sater (outro grande ator) que fazia Trindade, um peão que dizia ter pacto com o Diabo.

Pantanal foi reprisada recentemente pelo SBT, conseguindo um certo sucesso, mas não tanto quanto o conseguido originalmente pela Manchete, sendo essa a única ocasião até então no Brasil que outra produção conseguiu melhor índice de audiência que a novela das oito da Globo.



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Críticas, sugestões e opiniões são bem vindas!



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